terça-feira, 12 de abril de 2011

O Bullying é uma Benção!

No ensejo são midiados casos de suicídio influenciados pelo Bullying. Este é uma ação praticada por alguém, um emissor, independente da idade, que possui a habilidade de liderar não positivamente o espaço onde se encontra, provocando sentimentos desconfortantes nos receptores e confluentes, podendo, portanto, geralmente ocorrer violência física e/ou psicológica que atingindo altos níveis oportuniza a quem sofre demasiadamente, em circunstâncias atemporais, uma tomada de atitude.

Tais atos acontecem em diversos locais, porém, é acentuadamente frequente nas instituições escolares, que são por atribuição social o espaço em que por um longo período várias crianças e adolescentes, bem como adultos, estão em contato intenso, e cada um deles possuem singulares interesses, ideias e objetivos que por uma ausência de comunicação adequada potencialmente se emergem conflitos. Muitos deles conhecem a respeito de seus íntimos interesses; poucos sabem sobre convivência e diálogo.

Principalmente na cultura ocidental e em seus retratos sociais, o Outro é alguém que se deve eliminar. Esta é a ordem (subliminar) emitida, visando o progresso, por exemplo, da Nação, dos Negócios e da Guerra; participar desta é enobrecedor, podendo-se ideologicamente ganhar reconhecimento, honra e poder. O Outro é alguém que se não lhe trará benefícios (ou que se você não vê nele utilidade para o grupo) deve excluí-lo – como elegantemente ocorreu no conto “Lord Of The Flies” de William Golding, publicado em 1954. Em tal grau, na antiguidade, assim eram tratados os bebês que nasciam deficientes, e neste crivo continua quem se expressa em comportamento, linguagem e pensamento diferente à norma. Todos devem seguir o padrão para que possam ser “compreendidos”, controlados e em consequência influenciados e manipulados. Entretanto, sujeitos à falta de informação, os manipulados, quiçá juridicamente, se defendem como ignorantes!

O perverso relacionamento humano na história é incessante. Por exemplo, no litoral inglês, nos tempos da Idade Média, piratas desembarcavam e procuravam por crianças. Meninos e meninas eram vendidos por suas famílias como criados ou para outros serviços particulares. Antes mesmo deste período existiram atos execráveis que os humanos cometiam aos próprios humanos, pois houve constante e insistentemente quem obtivesse o poder, logo, cada um devia possuir um valor. Hoje nem todos possuem um preço, alguns são seduzidos apenas com uma isca. Disso, como esclarecimento, a palavra “cavaleiro” que era no período romântico tão usualmente valorizada, vem da mesma origem latina que a moderna palavra “gene”. Assim, significa, literalmente, “alguém bem nascido”. Se antes o valor das pessoas se encontrava em sua conduta como um cavaleiro, atualmente está em seus genes. Neste sistema severo e rígido, em transmissão analógica e digital, todos, desde que favoreça a interesses, devem possuir o seu lugar e valor, resumidos em sucessos ou fracassos, que você adquire geneticamente. Pense! Essa talvez seja a de seu vizinho e também a sua ideia de Outro.

Se existe uma norma inflexível a ser seguida, é o correto, que deve ser venerado – amém –, e a curva se torna um empecilho, que com soldados fiéis deve ser dominada e alinhada. Por isso, o Bullying é uma benção. As pessoas que o praticam são abençoadas, ou seja, delegadas a praticá-lo. As instituições públicas, particulares e religiosas que coordenam e controlam a sociedade, muitas vezes negando direitos e exigindo deveres, não podem autocraticamente depreciar pessoas, todavia, democraticamente delegam as atividades aos ignorantes civis. Portanto, o Bullying é, por interesses, uma atividade sutilmente legal que despreza e estupra as relações sociais; é uma moderna encenação do Santo Ofício, uma dogmática ação, digna de fé, que se não for efetiva por sua própria ação, impulsionam quem dela é vítima a uma autoeliminação.

Há muito mais do que acontece hoje e agora. Por séculos, as pessoas consideradas como “fora da lei”, isto é, àquelas que não podiam possuir um espaço para existirem e se manifestarem eram tratadas como lobos. Como estes habitantes da floresta, com honra eram caçadas e assassinadas. A prática do Bullying maneja suas vítimas como lobos. Com estas ações creem os “valentes” que estão dedicando e desempenhando a poesia de atos de fé e de boa conduta; porém, influenciados e manipulados, continuam a favorecer e a apoiar a toxidade da servidão humana, ao invés de, com uma fiel informação psicopragmática, poder exercer uma atitude compreensiva entendendo quem é esse Outro, ouvindo-o, além de promover convivência e respeito ao singular e, portanto, diverso ser humano, que como uma caixa com variados lápis de cores, cada um em seu tom, pode pigmentar uma tela artística e social.


*Artigo publicado posteriormente no Jornal Tribuna Regional, 16 abr. 2011.


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