sábado, 28 de agosto de 2010

Ita Missa Est: A Senha do Desenvolvimento Empresarial

“Qual o objetivo de seu trabalho?” Esta é uma das indagações mais importantes que meu trabalho faz para o trabalho de outros; todavia, existem poucos trabalhadores (que possuem anuência) para explorar possibilidades de respostas. Se a investigação fosse aceita, as funções poderiam ser potencializadas para um planejamento funcional mais efetivo, ou seja, para uma situação distinta do que encontro em muitos ambientes trabalhistas.

O mundo psicossocial move-se ao redor de um eixo-composto e central: os códigos-mensagens. Criamos e reproduzimos códigos que ao fazer parte de relacionamentos e comunicações se transformam em mensagens.

A Psicologia Empresarial, conhecida também como Organizacional e do Trabalho ou Gestão de Pessoas é uma ciência que estuda os processos mentais (sentimentos e cognições) e os comportamentos e aplica as informações, já reelaboradas, sobre as relações interpessoais bem como em programas de desenvolvimento que visem sempre à melhoria no espaço onde se trabalha, além dos interesses dos empreendedores. A Psicologia está vastamente ligada às empresas atualmente, seja para o bem-estar de cada um dos colaboradores e até mesmo nas emoções geradas num ambiente de trabalho, organizando e desenvolvendo-o.

A prática da psicologia organizacional é como uma cozinha repleta de ingredientes em que se elaborariam muitos pratos, caso fosse permitido aos cozinheiros inovar e experimentar juntamente com as atividades psicológicas. Porém, há uma insistência nas empresas, de todos os ramos, em apenas reproduzir uma receita.

Entretanto, tal “ato culinário” é de responsabilidade ampla. Então, continuando a utilizar a analogia: numa cozinha existe o Chef, Souschef, Chef de Partie, Aboyeur, Boucher, Entremmétier, Guarde-Manger, Légumier, Patissier, Poissonier, Potagier, Rôtisseur, entre outros cozinheiros e assistentes que no conjunto são considerados como uma Equipe. Ocorre que esta, por exemplo, e equipes de outros setores se consideram como reprodutoras de atividades no sistema de trabalho. Recordo-me de vários funcionários, em muitos lugares, que se julgavam como pessoas que não possuíam conhecimento, e as informações que já possuíam não eram utilizadas para construir planos e ações. Logo, optavam pela “reprodução de receitas”. Acontece que é uma ação de responsabilidade ampla! O Chef não percebia o código da equipe de pessoas, e por sua vez, as pessoas da equipe, os cozinheiros e assistentes, não compreendiam os códigos do Chef; não havia mensagens, já que não se estabeleciam relacionamentos e nem comunicação adequados com os integrantes do conjunto no ambiente de trabalho. O procedimento adotado nestes casos é a Inércia.

De modo geral, afirma-se que o ambiente organizacional nutre a sutil ideia de que o trabalho é algo que não deve ser compreendido, pois cada funcionário deve ir trabalhar e tentar compreender (o que não lhe é permitido entender); assim, isto faz com que ele trabalhe, execute ações e tenha a sua frustrante ocupação na sistemática organizacional. Ao final do dia, continuando a possuir informações que não entende, a probabilidade é maior de ocorrer uma estabilidade no emprego. Na reprodução de atividades, crê-se apenas que a incompreensão gera uma manutenção do cargo e que essa fantasia de conservação é proveitosa. Pensa-se exclusivamente no cargo; excluem-se as atitudes.

À vista disso, a posição da sistemática organizacional atual é equivocada. Muitas organizações e pessoas elaboram informações que são descartadas, como resíduos, pelo simples fato de haver um abandono dos códigos-mensagens, o que gera obstáculos para um desenvolvimento triunfante. Em minha experiência, àqueles resíduos contém instigantes informações para a elaboração de muitas propostas/práticas. Portanto, conheça o código, manuseie as informações e crie.

“Qual o objetivo de seu trabalho?” – convenientemente insisto em questionar. Possivelmente as respostas estão em códigos e às vezes você tem que (se) permitir olhar intensamente para enxergar o seu valor e o que ele transmite. O segredo da estabilidade e o desenvolvimento organizacional é o código humano. Ita missa est. Nesse caso, decifre-se.


*Artigo publicado originalmente no Jornal Tribuna Regional, 14 ago. 2010.


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