quarta-feira, 15 de julho de 2009

Carta de Recomendação para a Felicidade

Frei Betto, escreveu o seguinte comentário ao mencionar Felicidade:


“Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede, desenvolve de tal maneira o desejo que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los aonde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma sugestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque para fora ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor”.


Realmente, meu caro Betto, isso é um desafio. As pessoas estão realmente mal e condicionadas. Claro que possuímos necessidades, mas o ponto é: precisamos de tudo o que queremos. Realmente queremos?? E, a questão não é viver melhor e sim, ser realmente Feliz!!

Por sermos egoístas, querendo ter mais do que os outros estamos sendo midiaticamente forçados a consumir, isto é, vivemos constantemente num estupro global, num mundo hierárquico em que todos querem ser Deus; porém Deus é todos juntos.

Então, como ser feliz, e não apenas viver melhor??


Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade e das suas causas, que têm sido usadas pela filosofia, a religião e a psicologia. O Homem sempre há buscado a felicidade e tanto os filósofos como os religiosos sempre se hão dedicado a encontrar as suas causas e em definir que tipo de comportamento ou estilo de vida aumenta o nosso nível de felicidade. Estes pensadores vêem a felicidade como aquilo que modernamente chamamos bem-estar ou qualidade de vida, e não simplesmente como uma emoção. Neste sentido a felicidade é o que os gregos antigos chamavam de “Eudaimonia” (ter um espírito bom).


Cientificamente, é difícil definir rigorosamente a felicidade, e ainda mais difícil definir medidas desta. Investigadores em Psicologia desenvolveram diferentes métodos, e.g., o Inventário da Felicidade de Oxford, para medir o nível de felicidade de um indivíduo.


Porém isso é ultrajante. Desde os primórdios muitos buscam “O Segredo” da felicidade, sendo que hoje continuam buscando e publicações apenas reproduzem sem realmente nada resolver. Escritores em seus livros, recheados de marketing e abusando do belo sofrimento humano, oferecem receitas.

Cuidado. Perigo. Alta tensão. Muitos afirmam que “estudam” a felicidade, mas na realidade reproduzem o que já existe, e vendem!! Os privados de felicidade compram a auto-ajuda industrializada e deixam é os escritores e editoras felizes.

Sei que hoje tudo é imagem. O visual que você tem; o que gostaria de ter, o que gostaria de não ter. Ninguém está satisfeito. E pensam: “O que há de errado comigo?”. Penso que todos nós, por sermos o recheio de uma ultra-moralidade, temos algo que nos incomoda; quer seja o visual, quer seja como somos tratados.

Querido amante, por te amar tanto e querer que você seja realmente feliz, desejo que se pergunte: “A felicidade existe??” É, depois de tantos dizerem e nada resolver, só podemos colocar em dúvida a felicidade. “Será que foi apenas um termo??”

Meu amor, “Felicidade”, em Latim, vem da palavra “felix” (felicis) e queria dizer - originalmente - “fértil”, “frutuoso” (“que dá frutos”), “fecundo”. Veja-se a propósito, nos mapas antigos, a “Felix Arabia”, nome das terras habitáveis do Oriente Médio, em oposição às terras de deserto lá existentes.

Por isso, a felicidade é onde se pode semear e colher frutos. Você possui as terras, seu espaço; pense e produza. Lavore, pois tudo vem da sua terra. Mas se você se vê no deserto tem que trabalhar no terreno para colher frutos felizes. A felicidade está ao seu redor e em seu caminho, nos detalhes simples: num sorriso, numa lágrima, num pássaro, numa tempestade, num sonho... e por que não junto aos frutos aparentemente podres? Ela é contínua... A felicidade está sempre e onde quer que você esteja, simplesmente porque a felicidade é VOCÊ!!

Assim, notemos que a felicidade existe, não é apenas uma palavra e, depende exclusivamente de você, pois você é sozinho. Só existe felicidade com o outro, se você for feliz consigo mesmo.

Isto é uma recomendação. Recuse receitas aparentemente suculentas, pois elas apenas fazem mal à sua existência. O caminho mais fácil, geralmente, te leva ao deserto, causando-lhe ilusões.

Numa terra deserta e insegura pela areia, onde garotos de cabelos cacheados queriam cabelos lisos; gordos queriam emagrecer e magros engordar, e todos queriam ser outras pessoas, a única beleza e felicidade era a da pessoa que se conhecia, fertilizava sua terra e estava feliz com o que criava, pois sabia escolher os bons frutos e, adequadamente, encaminhar os podres, ressignificando-os.

Então, mãos ao arado (e ao mouse. [Clique aqui] e assista ao vídeo musical de Christina Aguilera, interpretando “Beautiful”, e VEJA resumida e cinematograficamente a criação de algumas FELICIDADES).


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