sexta-feira, 10 de julho de 2009

Recurrent Disorder of “Congratulations”

Como a maioria das expressões psicológicas e médicas advêm geralmente de uma terminologia norte-americana com definições confusas e jocosas, eis o presente título!!

− “Recurrent Disorder of Congratulations” (em Inglês);
− “Trastorno de la Demandante Felicidades” (em Espanhol);
− “Anmelder Störung der Herzlichen Glückwunsch” (em Alemão);
− “Ricorrente Disturbo di Auguri” (em Italiano); ou
− “Demandeur Trouble de Félicitations” (em Francês), seriam em diferentes linguagens e países o que quero me referir a um fenômeno comum: as “Desordens Recorrentes de Felicidades”.

Notifico-vos, nobres amantes, que tal desordem não existe nos manuais psicológicos e médicos de Saúde Mental. Refiro-me nestes termos com sarcasmo e críticas. Mas como essa desordem psico-sociológica ocorre??

Recentemente estive refletindo sobre a Felicidade e após ouvir e ler em TV’s, músicas, filmes, propagandas e e-mail’s, desejos de felicidades, principalmente em aniversários, intersticiou-me uma questão: como uma pessoa pode desejar que a outra seja feliz (se na história e na possibilidade, a felicidade do receptor é a desgraça do emissor, ou vice-versa)??

Vamos a um memorando. Estamos numa festa e Papai inventado deseja a sua filhinha inventada um Feliz Aniversário!! O Papai, sorridente e orgulhoso, declara um desejo frente a 107 convidados (entre pais e outras crianças, sendo a maioria familiares): que sua filha, de 7 anos, comemorados hoje, nesta data tão especial, possua toda a felicidade e que conquiste todos os seus sonhos. Escuto neste momento aplausos. E assim foi a cada ano. Mas agora escuto um despertador tocando. Este acorda a filhinha que atualmente tem 19 anos e precisa acordar para ir a Faculdade. Há um ano de ingresso na Academia, a mesma conheceu uma outra estudante e ambas passaram a ser amigas, se apaixonando aos poucos. Ambas estão felizes; a filha apresenta sua namorada à família. O papai, espantado, as amaldiçoa e as condena por tal conduta. Sete meses se passam, a filha está feliz, mas todos seus desejos nãos foram realizados, pois sua família a desqualificou, porém ela apenas queria compartilhar sua Felicidade. A namorada não suporta as recorrentes condenações familiares de seu amor de faculdade e ambas se separam. Um ano depois a filha, deprimida e com vínculos literalmente arrebentados se suicida. Ocorre o velório. Todos os familiares e amigos comparecem. O pai declarou no dia do seu enterro, a todos os presentes, que ela era sua filhinha querida, e sempre desejou sua felicidade. Todos os presentes, alguns em palavras, outros em gestos, outros ainda em olhares entendem a dor paterna e por conhecerem a mocinha, que teria um futuro brilhante na Medicina, também desejavam o mesmo que o pai declarava no funeral. Momentos depois, escuto ao fundo, um trio de familiares expondo: “...não sei e também ninguém na família sabe o que aconteceu com ela!!”

Linda e verídica história... mas o que aconteceu??

Simplesmente aconteceu uma Desordem Recorrente de “Felicidades”. Esta é um fenômeno mundial, psicológico e sociológico. O Papai e muitas outras pessoas, desejaram a moça toda a felicidade e que todos os seus desejos fossem realizados... ano após ano, na maioria das vezes, mas não sempre, em seu aniversário, que possuía extrema valoração simbólica.

Todavia, por mais que sentimentos sejam emanados a cada “Feliz Aniversário e blá-blá-blás...” esse desejo é oco. As pessoas quando ecoam “Muitas Felicidades” ou sinônimos não sabem o que é a felicidade para o outro; então quando as transmitem não a desejam ao outro, mas a si mesmas, porque apenas podem reconhecer sua existência. A felicidade de outrem pode ser a sua desgraça, como foi no caso “Papai & Filhinha”. O pai desejou sua própria felicidade e não a da filha, pois ele não sabia o que era a felicidade dela.

Estou dizendo que prestem atenção quando valorarem demasiadamente 1 dia de data comemorativa esquecendo-se dos outros 364 dias; estou afirmando, por coerência da ética humana que não devemos desejar “Felicidades” numa Desordem Mental Recorrente, mas que devemos compreendê-la antes de expressá-la. Devemos emiti-la sem pessoais pré-conceitos, e não exclusivamente em datas comemorativas.

Naquele memorando, a filha desde os 7 anos ouviu seu pai e também de outras pessoas, que todos desejavam a SUA FELICIDADE.

Com isto, reafirmo o depoimento expresso pela mãe de Bobby Griffith, meses após seu suicídio:


“... homossexualidade é um pecado!! Os homossexuais estão condenados a passar a eternidade no inferno!! Se quisessem mudar poderiam ser curados de seus hábitos malignos!! Se se desviassem da tentação poderiam ser normais de novo!! Se ao menos eles tentassem e tentassem com mais afinco... Essas foram as coisas que eu disse ao meu filho Bobby quando eu descobri que ele era gay. Quando ele me disse que era homossexual o meu mundo desmoronou-se. Eu fiz tudo o que pude para curá-lo de sua doença. Há oito meses meu filho saltou de uma ponte e matou-se. Eu arrependo-me profundamente da minha falta de conhecimento sobre gays e lésbicas. Hoje vejo que tudo o que me ensinaram e disseram era odioso e desumano. Se eu tivesse investigado além do que me disseram, se eu tivesse simplesmente... ouvido meu filho quando ele me abriu o coração não estaria aqui hoje com vocês cheia de arrependimento. Eu acredito que Deus estava contente com o espírito gentil e amável de Bobby. Aos olhos de Deus gentileza e amor é tudo o que importa. Eu não sabia que cada vez que eu ecoava uma condenação eterna aos gays... cada vez que eu me referia ao Bobby como doente, pervertido e perigoso às nossas crianças, a sua auto-estima, o seu valor próprio estavam por ser destruídos. E finalmente, seu espírito quebrou-se para além de qualquer conserto... A morte de Bobby foi o resultado direto da ignorância e do medo de seus pais quanto à palavra ‘gay’. Ele queria ser escritor. As suas esperanças e sonhos não deveriam ter sido tiradas dele, mas foram. Há crianças como o Bobby sentadas nas vossas congregações, desconhecidos de vós, mas elas estão a escutar enquanto vocês ecoam ‘Amém’. E isso depressa silenciará as suas preces. As suas preces à Deus, por compreensão, aceitação e pelo vosso amor. Mas o vosso ódio e medo e ignorância da palavra ‘gay’ irão silenciar suas preces. POR ISSO, ANTES DE ECOAREM ‘AMÉM’ NA VOSSA CASA E LOCAL DE ADORAÇÃO, PENSEM... PENSEM E LEMBREM-SE: UMA CRIANÇA ESTÁ A OUVIR.”


Caros amantes, estes foram simples e comuns memorandos. Por isso, parafraseando o depoimento, antes de ecoarem “Felicidades” em vossa casa... pensem... pensem e lembrem-se que alguém está a ouvi-lo; e reflitam: Quem são os alvos de suas Recurrents Disorders of “Congratulations”??

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