quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Você é Benévolo ou Assassino?

Ortotanásia, eutanásia e distanásia, são termos muito comuns na área relativa à saúde.

A primeira é um termo que define a pessoa que passa a ter uma ausência de vida, todavia de forma natural, isto é, sem interferências científicas; dizem que isso permite ao paciente o término vital sem sofrimento, sendo que se pode considerar que eram pessoas acometidas por doenças consideradas irrecuperáveis.

A segunda, a eutanásia, é um termo midiado, e possivelmente o mais conhecido, visto os casos europeus que repercutiram o mundo, mobilizando associações, religiões e o Direito. Ela é definida como uma prática em que se abrevia a vida de um paciente enfermo considerado como incurável, de forma controlada e praticada por um especialista, objetivando encerrar o sofrimento.

Por último, a Distanásia, é uma atividade em que também uma equipe médica e/ou familiares, decide continuar com a existência do paciente, relativa à área vital, por meios artificiais, mesmo considerando aquela pessoa como incurável, e que possua ausência de vida biológica.

Estes são assuntos todos relacionados ao fim da vida, mas como anteriormente discutido, não ao término da existência.

Resumindo:

Terminologia......Ortotanásia...........Eutanásia.............Distanásia
Vida Biológica.....Sim.......................Sim.......................Não
Paciente...............Irrecuperável.........Irrecuperável........Irrecuperável
Existência............Sim.......................Sim.......................Sim
Prática..................Natural.................Induzida...............Induzida

Por lei, o Estado tem como princípio a proteção e o direito à vida de todos os seus cidadãos, porém isso é a teoria; e por tudo isso, são termos que estão muito tempo em debates. O Estado não provê toda a assistência necessária; o que ele pratica sutilmente é uma ortotanásia?

Todas as três terminologias, aqui se apresentam, tendo como base a existência (infinita) e um ser humano considerado pela arte médica como incurável. Em dois (ortotanásia e eutanásia) possuem vida biológica, e em um (ortotanásia) pode-se dizer, em tese, que não há um interesse visível no bem estar da pessoa, pois em ortotanásia, haveria a possibilidade de se praticar beneficamente a eutanásia.

Considera-se, que o médico deve acompanhar as pessoas até seus últimos momentos vitais, garantindo-se uma qualidade de vida até o fim, todavia isso também seria uma Distanásia. Neste caso, a qualidade vital é dependente: pensa-se na medicina ou no enfermo?

São situações éticas, isto é, decidida por outros, complexas; aparenta, assim, ser a vida (mal)tratada, dentro da existência, como se fosse mediada por consertos e remendos, entre o aproveitável ou inaproveitável. E é assim, diante da vida de negócios e interesses, da qual estamos inseridos.

Françoise Dagognet, filósofo francês, amavelmente nos ensina:


Não vejo por que o homem deveria ser obrigado a sofrer um calvário no momento da agonia. No caso contrário, seria como voltar à natureza fetichista e mestra de nossas decisões. O homem não é aquele que pode dizer ‘não’, dominar o que é importante para ele? Por que obrigá-lo a se incluir diante do que ele pode atualmente tanto retardar – com as proezas da reanimação – como provocar?

O ser humano é poderoso e capaz. Ele deve decidir por suas atitudes. Todavia pessoas dependentes dos moribundos irão com lágrimas exclamar que não suportarão perdê-lo, pois se darão conta da importância que o outro possui na sua vida. Estas pessoas sentenciam não apenas que não verão essas pessoas, devido estarem biologicamente ausentes, mas que elas não Existem; apenas servem para um interesse pessoal. Se criassem em seu repertório o conceito de Existência, reconhecessem sua solidão e o estar com, provavelmente aprenderiam que 1+1=2; e que literal, constante e influenciavelmente na existência quer numérica ou pessoal, pode ser que 2+2=12.

Nesse sentido, já que a Existência é democrática e o ser é grandioso, até mesmo com suas dificuldades nas possibilidades, Você é Benévolo ou Assassino? Franz Kafka, escrito theco, expressou-se: “mate-me, senão você é um assassino”.


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