terça-feira, 10 de maio de 2011

Honoris Causa: Homo Hominum Diabolus

As pessoas nos ambientes de aprendizagem – para além das falidas instituições escolares – possuem atualmente um desafio: tomar consciência plena de sua importância em participar e contribuir pela atitude.

A humanidade padece de iniciativa; ela possui o Ter o Interesse, eximindo-se de Ser de Interesse, pois, quando se possui este seus anseios se ramificam para objetivos planificáveis com estratégias projetáveis; já aquele, almeja um resultado ab imo corde, com auri sacra femes, quid pro quo. O Ser de Interesse, ou simplesmente, interesse, propõe ad hoc com a fortiori e a posteriori.

Animus. Seja consuus do interesse sine qua non.

Em pesquisa in loco contribuída pelo Instituto Cenorpsi e col. , realizada de dezembro de 2010 a janeiro de 2011, através de uma amostra na região noroeste paulista correspondente às cidades de Araçatuba, Auriflama, Birigui, Coroados e São José do Rio Preto, responderam ao questionário nesta contribuição, 21 pessoas que trabalham em cargos de Balconista, Farmacêuticos, Auxiliares, Professores, Pedagogos, Filósofos, Psicólogos, Secretários, Esteticistas, entre outros Profissionais Liberais e Empregados do sexo masculino e feminino com idade entre 20 anos e 60 anos com escolaridade mínima o Ensino Fundamental Completo ao Superior Completo. No questionário, as 10 perguntas de múltipla escolha solicitavam reflexões sobre relacionamento, comunicação, situações familiares, de trabalho e educacionais, além de incitação de atitudes.

As pessoas expressaram que seu relacionamento com os outros se encontra Ótimo, todavia, em decadência. Já o grau de confiança nas (e das) pessoas, elas apontam como Regular, porém em ascendência. Há conflitos: as pessoas utilizam sua percepção, observam os fatos, mas não possuem consciência plena dos ruídos existentes na comunicação, o que, distraindo-as, elas ausentam-se dos interesses, e se posicionam como interesseiras (ter o interesse), mesmo quando apresentam superficialmente propostas. Nestas, os entrevistados entendem a confiança como Regular, entretanto desejam que melhoramentos no relacionamento devam ocorrer pelo incentivo da própria confiança e do respeito; também propõem os entrevistados, expressando que há carência de atitude demonstrando que os processos de aprendizagem em seus diversos âmbitos, estão ausentes de limites, posicionamentos e de ensinamentos pelos diversos atores sociais, e que os educadores escolares estão condicionados e petrificados, esperando os melhores salários para agirem àquilo que lhes competem funcionalmente.

Em síntese, a pesquisa dispõe o ser humano como Regular, todavia há disposição e dúvidas em situá-lo num aspecto Bom ou Ruim, respectivamente ascendente ou descendente. Neste impasse, as pessoas possuem brotos de interesse, todavia não sabem o que fazer; estão privadas da prática, acostumadas ao hábito e ao julgamento, e então, como expressou em um dos versos do hino Sing em performance de My Chemical Romance, para àqueles que querem se afastar do assunto: “keep running!”. Apesar disso...

Nessa situação, vivendo a plena dependência e não sua administração, como despertar? A produção cinematográfica de O Quarto Sábio, em 1985, relata a história de um homem sábio e que durante a trama, numa cena específica, a personagem encontra um grupo de pessoas e contribui ao desenvolvimento daquele clã os auxiliando, ensinando-os. Num momento o sábio decide partir e continuar seus compromissos para atingir seus objetivos pessoais. A líder do grupo o questiona a se justificar. Ele responde que eles devem se tornar autossuficientes. Ela, por fim, replica: “Quem vai nos ensinar?”.

Quem lhe ensina é seu interesse; quem aprende é você. O Outro complementa. Na inércia, esperando o despertar de outrem, as possibilidades, acessibilidades e oportunidades apenas lhe acenam. No entanto, onde se encontrará nesse deserto de humanos um singelo olhar de quem se compromete? De facto, cum laude, ecco homme, hominum diabolus. Cadit quaestio. In cauda venenum. Sic transit gloria mundi, urbi et orbi. Verba volant, scripta manent.


terça-feira, 12 de abril de 2011

O Bullying é uma Benção!

No ensejo são midiados casos de suicídio influenciados pelo Bullying. Este é uma ação praticada por alguém, um emissor, independente da idade, que possui a habilidade de liderar não positivamente o espaço onde se encontra, provocando sentimentos desconfortantes nos receptores e confluentes, podendo, portanto, geralmente ocorrer violência física e/ou psicológica que atingindo altos níveis oportuniza a quem sofre demasiadamente, em circunstâncias atemporais, uma tomada de atitude.

Tais atos acontecem em diversos locais, porém, é acentuadamente frequente nas instituições escolares, que são por atribuição social o espaço em que por um longo período várias crianças e adolescentes, bem como adultos, estão em contato intenso, e cada um deles possuem singulares interesses, ideias e objetivos que por uma ausência de comunicação adequada potencialmente se emergem conflitos. Muitos deles conhecem a respeito de seus íntimos interesses; poucos sabem sobre convivência e diálogo.

Principalmente na cultura ocidental e em seus retratos sociais, o Outro é alguém que se deve eliminar. Esta é a ordem (subliminar) emitida, visando o progresso, por exemplo, da Nação, dos Negócios e da Guerra; participar desta é enobrecedor, podendo-se ideologicamente ganhar reconhecimento, honra e poder. O Outro é alguém que se não lhe trará benefícios (ou que se você não vê nele utilidade para o grupo) deve excluí-lo – como elegantemente ocorreu no conto “Lord Of The Flies” de William Golding, publicado em 1954. Em tal grau, na antiguidade, assim eram tratados os bebês que nasciam deficientes, e neste crivo continua quem se expressa em comportamento, linguagem e pensamento diferente à norma. Todos devem seguir o padrão para que possam ser “compreendidos”, controlados e em consequência influenciados e manipulados. Entretanto, sujeitos à falta de informação, os manipulados, quiçá juridicamente, se defendem como ignorantes!

O perverso relacionamento humano na história é incessante. Por exemplo, no litoral inglês, nos tempos da Idade Média, piratas desembarcavam e procuravam por crianças. Meninos e meninas eram vendidos por suas famílias como criados ou para outros serviços particulares. Antes mesmo deste período existiram atos execráveis que os humanos cometiam aos próprios humanos, pois houve constante e insistentemente quem obtivesse o poder, logo, cada um devia possuir um valor. Hoje nem todos possuem um preço, alguns são seduzidos apenas com uma isca. Disso, como esclarecimento, a palavra “cavaleiro” que era no período romântico tão usualmente valorizada, vem da mesma origem latina que a moderna palavra “gene”. Assim, significa, literalmente, “alguém bem nascido”. Se antes o valor das pessoas se encontrava em sua conduta como um cavaleiro, atualmente está em seus genes. Neste sistema severo e rígido, em transmissão analógica e digital, todos, desde que favoreça a interesses, devem possuir o seu lugar e valor, resumidos em sucessos ou fracassos, que você adquire geneticamente. Pense! Essa talvez seja a de seu vizinho e também a sua ideia de Outro.

Se existe uma norma inflexível a ser seguida, é o correto, que deve ser venerado – amém –, e a curva se torna um empecilho, que com soldados fiéis deve ser dominada e alinhada. Por isso, o Bullying é uma benção. As pessoas que o praticam são abençoadas, ou seja, delegadas a praticá-lo. As instituições públicas, particulares e religiosas que coordenam e controlam a sociedade, muitas vezes negando direitos e exigindo deveres, não podem autocraticamente depreciar pessoas, todavia, democraticamente delegam as atividades aos ignorantes civis. Portanto, o Bullying é, por interesses, uma atividade sutilmente legal que despreza e estupra as relações sociais; é uma moderna encenação do Santo Ofício, uma dogmática ação, digna de fé, que se não for efetiva por sua própria ação, impulsionam quem dela é vítima a uma autoeliminação.

Há muito mais do que acontece hoje e agora. Por séculos, as pessoas consideradas como “fora da lei”, isto é, àquelas que não podiam possuir um espaço para existirem e se manifestarem eram tratadas como lobos. Como estes habitantes da floresta, com honra eram caçadas e assassinadas. A prática do Bullying maneja suas vítimas como lobos. Com estas ações creem os “valentes” que estão dedicando e desempenhando a poesia de atos de fé e de boa conduta; porém, influenciados e manipulados, continuam a favorecer e a apoiar a toxidade da servidão humana, ao invés de, com uma fiel informação psicopragmática, poder exercer uma atitude compreensiva entendendo quem é esse Outro, ouvindo-o, além de promover convivência e respeito ao singular e, portanto, diverso ser humano, que como uma caixa com variados lápis de cores, cada um em seu tom, pode pigmentar uma tela artística e social.


*Artigo publicado posteriormente no Jornal Tribuna Regional, 16 abr. 2011.


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