terça-feira, 7 de abril de 2009

A Mãe-Homem e o Ovo de Páscoa

Sabe-se que a Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta há séculos. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim “Pascae”. Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como “Paska”. Porém sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo “Pesach”, cujo significado é “passagem”.

Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o início da primavera eram de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.

A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.

Mas o que a reprodução tem a ver com os significados históricos e religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.

Na Europa o chocolate aparece a partir do século XVI, tornando-se popular rapidamente. Era uma mistura de sementes de cacau torradas e trituradas, depois juntada com água, mel e farinha.

A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII. O chocolate, na história, foi consumido como bebida. Era considerado como alimento afrodisíaco e dava vigor. Por isso, era reservado, em muitos lugares, aos governantes e soldados. Os bombons e ovos, como conhecemos, surgem no século XX juntamente com a indústria.

Tudo se acumulou: religião, passagem, produção, coelho, fertilidade e o ilustre comércio.

Haja cérebro para tanta história. Aí vem aquela dúvida infantil: “Mamãe, coelho da Páscoa? Não é coelha?” As mães modernas, informadas pelo Jornal Nacional e o Fantástico, que acompanham a história, talvez falariam: “Não meu anjo, o coelho é gay!!”.

Os pais desatualizados pela TV e estudos midiados diriam: “Meu filho, o coelho é macho ou fêmea. Ponto. Eles não são roedores e sim logomorfos, que constituem uma ordem de pequenos mamíferos herbívoros e se encontram em muitas regiões do planeta”.

Todavia, diante de tanta fertilidade e festividades “coelhinas”, fica irresistível de não mencionar sobre a procriação humana.

Recordo-me que durante as aulas de Anatomia Humana, ficou claro o espanto mulheril de que o feto fica externo à mulher e que o homem também pode gerar. Os filmes aproveitaram muito disso e tiraram muitos risos dos “cegos que assistiam” algo tão simples e que realmente pode acontecer.

Portanto, não se assustem sexagenários, e nem assombrem sua árvore genealógica quando oficialmente virem uma mãe-homem, presenteando seu segundo filho com um ovo de páscoa na eterna comemoração pascal. Pois, afinal, prostitutamente podemos dizer: “Arrê; que humanidade sexual e fértil!!”.


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