sábado, 9 de janeiro de 2010

As Dificuldades das Possibilidades




Quero regressar ao imaginário sem limites.
Tenho saudades dos sonhos a crescer
E da paz da profundidade
De tudo o que é possível.

Tenho saudades de mim,
De querer tudo e sorrir...
A imaginar que sim.
[s.a.]


O Imaginário é uma capacidade, um poder do ser humano, que lhe permite criar situações qualitativas, das quais pode representar sem que tais eventos tenham acontecido (para outrem).

As lacunas do imaginário são preenchidas pelas esperanças, que quando se solidificam pelo desejo humano, se estabelecem naquilo que poderíamos chamar de ilusão.

Ilusão é derivada do verbo latino illudo significando: divertir-se, recrear-se; mas também: burlar, enganar. O verbo latino estava formado pelo prefixo in- e o verbo ludo, "eu brinco". De ludo derivou-se uma ampla família de palavras na qual se inclui "lúdico", relativo a brincar; "eludir", escapar; "alusão", menção, referência; "interlúdio", intervalo num jogo ou representação teatral; e "prelúdio", o que precede uma representação. Em nossa língua, iludir se ampliou com o sentido de causar uma impressão enganosa ou possuir a esperança de algo desejável.

Criar eventos teóricos, mas não praticáveis, são os fatos que até hoje, em meu rol de atendimentos, mais se apresentou. As pessoas, cada qual com seus infinitos motivos, numa tentativa de compreensão, parearam transformando em sinônimos, as possibilidades com as esperanças, isentando-se das pragmaticidade.

Há alguns meses, quando eu estudava um livro sobre oncologia, lá continha um depoimento de uma paciente. Ela dizia que o câncer não passou a ser seu inimigo, mas a palavra possibilidade, pois na sua forma de compreender, a possibilidade de todos os eventos acontecerem, possibilitou a sua situação oncológica. Sim, isto é fato.

Teoricamente, a possibilidade é escrita e transmitida aos seus leitores como algo iluminado. Compreender que as pessoas são seres de todas as possibilidades se faz pensar o quanto grandiosas e divinas são as criaturas humanas. Ninguém não é magnificente; todas as possibilidades não são aquilo que desejamos e esperamos, mas o que universalmente estamos dispostos a praticar e, se for o caso, a receber (de nós mesmos).

Com isso, observa-se que as possibilidades possuem suas aparentes e ilusórias dificuldades, que podem ser assim compreendidas pelo imaginário do ser humano. No caso oncológico, e.g., devido ao sofrimento e o estigma do câncer, a pessoa experienciou uma das possibilidades de nossa atualidade e do universo. Porém, é importante aludir que, toda a possibilidade é algo que pode ser benéfica ou maléfica, depende dos seus repertórios de valores educacionais, compreensíveis e amorosamente inventados. Todas as situações, até mesmos as mais difíceis e sofríveis, são oportunidades (possibilidades) de se aprender, e também de criar eventos paralelos – bons ou ruins, porque um desses adjetivos apenas existe na presença irrevogável do outro.

Portanto, no momento em que o homem inventou a porta, criou a possibilidade de que as pessoas passem por ela, mas que também fossem por elas jogadas.





OBS.: Anterior a esta data, este espaço psicopragmático era nomeado Life Prostitute: A Prostituição do Conhecimento; ainda existente em sua essência.

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