quarta-feira, 11 de março de 2009

Sofrer. Amar e ser Amado

Marry Me (Michelle Lehman)


Assistindo ao curta-metragem acima, nota-se um lindo amor; mas também um sofrimento. Um típico amor educado, ensinado, instituído, mas dificilmente inventado.

O filósofo grego Platão já nos ensinava em 347 a.C., que o amor é um jogo de interesse. O que as pessoas buscam é conquistar. Lembra-se daquela bonequinha ou daquele carrinho de brinquedo que você tanto pedia para seus pais? Pois é, quando você ganhou, você ficou quanto tempo a mais com ele, até querer ofegantemente outro objeto? Acredito que não muito tempo. Da mesma forma é o amor instituído. Cada um tem um desejo de adquirir, apenas. Quando esse desejo é constantemente renovado, ou seja, inventado, as pessoas, casadas, podem chegar às bodas de diamante; pois se elas inventam, elas criam o seu amor e dele cuidam.

No filme, a Gorotinha tenta incansavelmente ser o objeto do Garotinho que apenas tem olhos para sua bicicleta. E, por isso, constantemente, entre a esperança e a temporalidade ela sofre.

Mas, enfim, quem nunca sentiu uma solidão; uma sensação de que falta alguém: para conversar, para olhar, tocar, amar. O ser humano busca a felicidade e muitos acreditam que ela está no amor. Essa foi a receita ensinada desde o nosso nascimento.

Porém, alguém já experienciou aceitar sua solidão? Por que é tão difícil ser só? O ser humano sofre com a solidão, pelo simples fato de fugir dela. Como escrevi no artigo “O Interesse Humano”, nós somos sozinhos, e, aceitar a solidão, nos permite conquistar outras coisas, outros objetos, ou até mesmo um verdadeiro amor inventado.

Assim, a conscientização desde fato, nos permitiria amar com fibra. Tudo o que você precisa está em você. Por que viver em busca de um amor? Um alguém amado, apenas enriqueceria. Todavia, se você não se sente, não sabe quem é, de nada adianta ter alguém para se enamorar. Se você não aceita sua solidão, jamais terá alguém para amar. Pois a falta irá lhe perseguir, simplesmente por estar em você.

Se você quer sentir o amor inventado, reconheça sua solidão; aceite-se. Seja pró-ativo, pois todos podem, de alguma forma, Ser e Existir. Sempre há possibilidades.

Em “Cultura e Desamparo”, M. L. Lemos, afirma:


“Inúmeras são as maneiras encontradas, através do imaginário na cultura, para a elaboração das questões existenciais. Lembremos que sujeito e cultura estão atrelados: tanto o sujeito fala através da cultura como vice-versa. São muitas as formas, as possibilidades de o sujeito se haver com o seu desamparo, bem como com o seu desejo, mediante as identificações. Porém, com as possibilidades identificatórias esmaecidas, nos nossos dias, ele vai em busca de novos recursos identificatórios” (2005, p. 17).


Porém, a identificação primeira estará sempre em você. Como a garotinha no filme, voe, ultrapasse seus medos. Seja você. Só assim você existirá, poderá ser visto e conseguirá usufruir do amor inventado, se for o caso.

Pois, quando você se conscientiza de que você é você e o outro é o outro, e, caso algum dia vocês se encontrem, será um lindo amor inventado. Caso contrário, se não se encontrarem, e daí? Tudo o que precisa está em você!! Você é seu cuidador, inventor, criador...

Mas, se quiser continuar fugindo, com o drama do ninguém me ama, adoraria cavar-lhe uma cova. Pois é isso que lhe restará: a pseudo-solidão de si, do e no mundo.


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