segunda-feira, 8 de junho de 2009

A Definição Infinita de Amar

Muitas pessoas dizem que morrem por amor, por um namorado, um marido... ou melhor, se suicidam por eles!! Ô falta de amor próprio, hein!! Mas, diga-me uma verdade, é linda uma história romântica, não é?? Muitos foram excelentemente bem educados ou fantocheados emocionalmente!!

Confesso-te que o Dia dos Namorados é um dos dias mais retardados e confusos da história. Há duas datas no ano: 14 de fevereiro e 12 de junho. Não preciso nem detalhar o caráter financeiro e mercantil. Isso é óbvio, ainda mais que vivemos sob negócios.

Segundo a versão mais conhecida a comemoração teria se originado na Roma Antiga, no século III. O padre Valentim lutou contra as ordens do imperador Cláudio II, que havia proibido o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os jovens ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao padre estava uma jovem cega: Assíria, filha do carcereiro a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim, e os dois acabaram se apaixonando. O padre chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: "De seu Valentim", expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270 d.C. Porém o dia só começou oficialmente a ser comemorado após a Idade Média, com a formulação do conceito de amor romântico, com o ilustre período do Romantismo.

No Brasil, a data é comemorada no dia 12 de Junho por ser véspera do 13 de Junho, Dia de Santo Antônio, santo português com tradição de casamenteiro, provavelmente devido suas pregações a respeito da importância da união familiar, em queda na Idade Média.

Aproximam-se estas datas, diga-se de passagem, “amorosas” de comércio e vejo diante de meus olhos aquela já idosa dúvida: é paixão ou é amor??

Vale esclarecer que AMOR é diferente de PAIXÃO. Na paixão não há o amor; mas no amor existe a paixão.

A paixão é permeada por aqueles conjuntos de sensações e sentimentos, às vezes inexplicáveis. É o encantamento, que logo finda, em torno de quatro ou seis meses em média. Observe!! A palavra paixão advém de “páthos” que significa sofrimento. O apaixonado sofre!!

O Amor Comum, em alguns momentos existe uma pitada de sofrimento, ou seja, com a Paixão, todavia ele é o um estágio mais avançado. O Amor Comum, engloba uma amizade amorosa e uma fraternidade, um cuidado. O apaixonado apenas quer (subliminarmente) satisfazer seus desejos, mas também, talvez, queira chegar ao amor comum.

Em ambos há um interesse. Todavia, no amor a relação é pensando em ambos. Na paixão, o interesse é em estar bem: o outro tem que me fazer feliz. E aí, há mais Amor ou Paixão??

Porém, o amor também se subdivide. Há o benéfico e o nocivo. O benéfico é o amor descrito até o momento. O nocivo é o lobo em pele de cordeiro, ou seja, é uma paixão mascarada. É uma dosagem elevada de paixão no amor. Indica ser amor, mas funciona como paixão exacerbada e quando há a suspeita dessa falsidade, ela se molda e se articula estrategicamente para continuar sua falsidade. Todavia, o amor e a paixão não existem sozinhos. Só há amor nocivo, se existirem pessoas que agem nocivamente.

Já lhes afirmo, que são raros os amores benéficos. As pessoas equivocadamente insistem, até mesmo o filósofo Platão, em sua obra “O Banquete”, que estamos a procura de nossa outra metade. O Banquete é mais do que essa afirmação, mas relata sobre uma idéia de amor.

O amor comum é uma união estável, equilibrada, independente do sistema de casamento jurídico – mas geralmente com ele.

São adequadas, aqui, as palavras do psiquiatra Flávio Gikovate, em “Uma Nova Visão do Amor”, descrevendo trechos do que eu me refiro a Amor Comum e sua instabilidade – também o diferenciando da paixão:


“O amor nos dá paz, faz que sintamos a completude que tanto ansiávamos [...] mas não é capaz de nos dar tudo que dele esperávamos. [...] O amor é um fenômeno homeostático. [...] Apesar de felizes no amor, passamos a nos interessar outra vez por nossos projetos pessoais e começamos a desejar, como sempre, aquilo que não possuímos e ainda não conseguimos realizar. [...] A glória de um é também do outro. Fracassos e dificuldades também são compartilhados. A vida em conjunto ganha novo colorido, pois agora o par, ligado pelo amor, integra-se ainda mais pelo estabelecimento de projetos em comum. Nem tudo, porém são rosas nas casas onde vivem pessoas que realmente se amam [...] Tudo pode nos acontecer, de modo que, se tivermos uma vida longa, teremos de passar pelas rupturas determinadas pela morte de nossos pais, pelo crescimento e desgarre dos nossos filhos, pela traição de pessoas nas quais confiávamos, por perdas materiais, pela perda da nossa juventude, da nossa saúde e eventualmente da pessoa amada, companheira de décadas. É algo ingênuo pois pensamos no amor como remédio para todos os nossos males. [...] O fato é que, havendo confiança recíproca e diálogo aberto, muitas das soluções práticas para esses conflitos – pequenos, mas relevantes – podem ser mais bem negociados. As divergências se dão em um clima mais civilizado, no qual não cabem as ofensas e grosserias. Porém, elas não deixam de existir de nos mostrar que, embora possamos ser muito semelhantes à pessoa amada, não podemos ser iguais a ela. [...] a idéia de que somos uma coisa só não corresponde à realidade” (2009, passim).


Sempre apoiei a comunicação e já afirmei, em outrora artigos, a existência da Solidão.

As pessoas não reconhecem sua solidão. E junto a solidão que menciono, cada vez mais, me agarro na existência do Amor Inventado. Ele é simples de nome, e de ação, mas difícil de ser praticado, devido a educação emocional que se impera. Ele não possui a paixão como o Amor Comum, mas se inicia com ela.

Ele é simples, pois segue uma palavra: “criar”. É o único amor que cada um que ama, pode ter a liberdade de criar, desenhar e colorir. Mas ele precisa da solidão.

As pessoas acreditam que quando encontram o outro preencherão seu vazio. Sim, isso é válido. Porém por um certo tempo. Depois se sentirão ainda incompletas.

Temos uma cultura que, comercialmente, se aproveita dessa sensação de falta, e ditam receitas de como amar. Socialmente vivemos numa cultura que diz que o céu é o limite. Mas o céu é uma ilusão. Não existe o céu de fato. Portanto a idéia de sucesso, tanto divulgada em livros administrativos – e também de auto-ajuda (romântico), entre outros – é falsa.

O Amor Inventado, que a tanto me refiro, é cheio que imaginação cumulado à prática. Não permanece no mundo das idéias. É algo conjunto a outrem, e reconhece que as pessoas são sozinhas, e que elas possuem sua particularidade, sua unicidade.

A estabilidade e o equilíbrio do Amor Comum, não existem no Amor Inventado. Não há necessidade disso. Quem ama cuida-se, pois estando inteiro, reconhecendo-se como uno, pode reconhecer o Outro, e o Outro, que também Ama, reconhecendo-se como unidade, pode também ver, respeitar e entender quem o ama, bem como sua particularidade.

Aqui, no Amor Inventado, a beneficidade e a nocividade não existem. Não há abandono ou saudade (o espaço destes é ocupado pelo Amor). O que existe é o Amor Inventado: criado por cada um que formam dois, numa relação Eu-Tu. O amor inventado possui o interesse. Amar é o interesse!!


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