
Certa vez, um integrante dos A. resolveu explorar o território de sua Terra, pois acreditava que não muito longe havia outras formas de existir. E não recriminava isso. E, então ele foi.
Durante a viagem, o membro dos A. encontrou integrantes dos B. que o receberam muito bem. No reinado dos B., o A. ficou assustado e, simultaneamente, encantado com a forma que eles viviam, porém, observando melhor, não viu tantas diferenças nas atitudes com o de seu grupo. Observou que os B., apenas faziam coisas um pouco diversas, mas ambos chegavam ao mesmo fim: se divertiam, por exemplo.
Ao contrário do membro dos A., os B. ficaram horrorizados com o comportamento do A. Não os viam como seres que usufruíssem adequadamente da vida. Mas foram muito educados, pois nada comentaram.
Ao voltar a sua tribo, o A. contou toda sua semi-epopéia, afirmando que se divertiu e aprendeu muito. E, ao terminar, outro membro, preocupado com a diferença grupal, e medo da influência dos B. para com a harmonia grupal dos A., questionou o jovem:
“O que você pensa se um indivíduo que está em um grupo, que é por assim dizer, seu hábitat, e repentinamente ele passa a pertencer a outro grupo, sem, no entanto, sair do primeiro, haveria e qual seria o tipo de influência nesse caso?”
O jovem, com sua inocência, pureza e perfeição, respondeu:
“Não sei muito bem o que responder. Mas a influência existe a todo o momento. Boas e ruins. Depende, é claro, de cada um, e se este tem consciência e percepção dos fatos. Ele pode muito bem conciliar os dois grupos. Depende também do respeito do primeiro e do segundo grupos, pois vivemos entrando, saindo e juntando grupos, a todo o momento”.
Todos compreenderam. E o jovem dos A. foi revisitar o grupo dos B. Todavia, grupos já constituídos são estagnados. A possível inserção de um novo membro causa estresse no grupo “emissivo” e no “receptivo”. Foi o que aconteceu com os A. e os B.
O membro dos A., chateado e pensativo foi embora, porém durante a volta ao seu clã, refletiu: “Quão maldosos os homens podem ser. Apenas as pessoas que não se respeitam são difíceis de conviver!!”. O jovem sabia das diferenças entre os grupos, todavia, os respeitava.
Essa pequena história, meu querido amante, pode ser cansativa, entretanto, mais fadiguenta é vivê-la. E a vivemos a todo o instante. Como o jovem disse: a todo o momento estamos entrando, saindo e juntando grupos. Passemos a refletir...
Todavia, é muito fácil de compreender o fato dos Bêlisis terem tido uma atitude tão repulsiva ao comportamento dos Alisis. O que ocorre de fato, e constantemente, é que ESPERAMOS muito dos outros. Queremos que as pessoas façam, ajam e pensem o que fazemos, agimos e pensamos. Olhamos alguém e já construímos um repertório para ela. Caso tal pessoa não execute o que eu sutilmente determinei, eu logo reclamo: “Você não me compreende”; “Você não faz o que eu gosto”; “Você falhou comigo!!”. Ora, poupem-me.
Apenas quando passarmos realmente a observar o outro, como o jovem dos Alisis, é que poderemos conviver em respeito. Há diferentes formas de experienciar, e isso não significa que um se divertiu ou viveu melhor que o outro. Ambos se divertiram e viveram. Ponto.
Por isso lhes digo: quando eu era criança, eu fechava os olhos e via o sol por entre minhas pálpebras. Era vermelho, assustador, como uma explosão. Eu fazia isto, porém, tal atitude, diferente da dos demais, não me impedia de sentir o sol.
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