quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pânico no Jardim do Éden

O Jardim do Éden, Jardim das Delícias ou Paraíso Terrestre é na tradição das religiões abraâmicas o local da primitiva habitação do homem.

Na tradição bíblica, o Jardim do Éden, do hebraico “Gan Éden”, é o local onde ocorreram os eventos narrados no Livro do Gênesis, onde é relatada a forma como Deus cria Adão e Eva, planta um jardim no Éden (a oriente), e indica ao homem que havia criado, para o cultivar e guardar.

A ordenança dado por Deus seria a de que o homem podia comer os frutos de todas as árvores do jardim, exceto os da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau. Ao desobedecer esta ordenança e comer esse fruto proibido, Adão e Eva eventualmente ficam a conhecer o bem e o mal, e do pecado nasceu a vergonha e o reconhecimento de estarem nus. Em resultado da desobediência, Deus expulsa o homem do jardim.

Assim, há séculos cria-se um pânico, por uma culpa “ad’evana”. Porém, meus amados, conscientizem-se: se você vive expulso do Paraíso, possivelmente você está no inferno bíblico; logo, se está no inferno, abraçai o capeta. Não adianta fugir, se envergonhar, culpar, ou muito menos se arrepender, das situações que acontecem. É recomendável que as reconheçam e injete criativamente aspectos que possam enriquecê-la positivamente.

O filósofo alemão e niilista Nietzsche, na obra póstuma “Vontade de Potência”, no aforismo 94, se manifesta contra o arrependimento humano, afirmando:


Não gosto dessa espécie de covardia para seu próprio ato; não devemos abandonar a nós mesmos sob o peso de uma vergonha ou de uma aflição inesperadas. Será melhor que a substituamos por uma altivez extrema. Para que servirá afinal de contas? Arrepender-se de uma ação não é anulá-la, e tampouco não se desvanece quando ‘perdoada’ ou ‘expiada’. Seria necessário ser teólogo para acreditar numa potência que destruísse a culpa: nós, imoralistas, preferimos não acreditar em ‘culpa’. Pensamos que todas as ações de qualquer espécie que sejam, são de idêntico valor em seus fundamentos; semelhantemente os atos que se volvem contra nós podem ser, por isso mesmo, úteis sob o aspecto econômico, e desejáveis para o bem público. [...] Eis por que não se deve dizer: ‘Eu não deveria ter feito tal coisa’, mas sempre unicamente: ‘Como é estranho que não tenha realizado isso cem vezes!’ − Afinal de contas, bem poucos atos existem que sejam típicos e apresentem uma verdadeira súmula do indivíduo; e, a considerar quão pouco a maior parte das pessoas são individualidades, perceber-se-á quão raramente um homem é caracterizado, por um ato particular. [...] A cólera, um gesto, um golpe de espada: que neles existe de individual? − O ato traz consigo muitas vezes uma espécie de torpor e de constrangimento, de sorte que o culpado está como fascinado pela recordação e pela sensação de ser somente o atributo de seu ato. Essa perturbação intelectual é uma espécie de hipnotização, que é preciso combater antes de tudo. Um simples ato, seja qual for colocado em paralelo com tudo o que se tem feito, é igual a zero, e pode ser deduzido sem que a conta geral esteja errada”.


Ao mencionar o Jardim das Delícias evidencio que a culpa foi criada. Mas não existe de fato. É um imaginário social que se apresenta cotidianamente como um fragmentador do psiquismo humano, impedindo o ser de se desenvolver e reconhecer seus próprios atos, pois o único fenômeno que veem são erros, que os apeiam, impedindo de se movimentar, e de ser a “Besta Loira” nietzschiana, isto é, aquela que nada temia e para a qual tudo era válido e permitido desde que dai resultasse algo de útil. Assim, continuando no pensamento de Nietzsche: “é preciso que nunca avaliemos um artista pela medida de suas obras”.

Portanto, Acordai-vos. Da Vinci explicou: “Cegante ignorância nos ilude. Ó miseráveis, abri os olhos”; então, com vontade de poder chamo-vos a agir!


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