quarta-feira, 6 de maio de 2009

Da Mitologia a Nuestra Madre Virtual

“Nuestra Madre!!” Todos os anos no primeiro semestre as indústrias deverão lucrar muito. Mas os salários... Pois é, querido amante, chegou mais uma comemoração mercantil: O Dia das Mães.

Um dia inventado para uma mãe inventada, com um presente de muito simbolismo inventado, que foi ofertado pelos filhos, maridos... inventados, com muito amor inventado. Qual mãe não deseja isso?!

Mas vamos prostituir o conhecimento. Aqui é o puríssimo e inocente, quase santo, Life Prostitute, portanto, rumamos à história!!

No Brasil, o Dia das mães é comemorado sempre no segundo domingo de maio (de acordo com decreto assinado, em 1932, pelo presidente Getúlio Vargas). É uma data especial, pois as mães recebem presentes e lembranças de seus filhos. E já se tornou uma tradição. Mas vamos entender um pouco mais sobre a história do Dia das Mães.

Encontramos na Grécia Antiga os primeiros indícios de comemoração desta data. Os gregos prestavam homenagens à deusa Réia, deusa terrestre, mãe comum de todos os seres. Neste dia, os gregos faziam ofertas, oferecendo presentes, além de prestarem homenagens à deusa.

Os romanos, que também eram politeístas e seguiam uma religião muita parecida com a grega, faziam este tipo de celebração. Em Roma, durava cerca de 3 dias. Também eram realizadas festas em homenagem a Cibele, mãe dos deuses.

Porém, a comemoração tomou um caráter cristão somente nos primórdios do cristianismo. Era uma celebração realizada em homenagem a Virgem Maria, a mãe de Jesus.

Mas uma comemoração mais semelhante a dos dias atuais podemos encontrar na Inglaterra do século XVII. Era o “Domingo das Mães”. Durante as missas, os filhos entregavam presentes para suas mães. Aqueles filhos que trabalhavam longe de casa, ganhavam o dia para poderem visitá-las. Portanto, era um dia destinado a visitar as mães e dar presentes.

Nos Estados Unidos, a idéia de criar uma data em homenagem às mães foi proposta, em 1904, por Anna Jarvis. A idéia de Anna era criar uma data em homenagem a sua mãe que havia sido um exemplo de mulher, pois havia prestado serviços comunitários durante a Guerra Civil Americana. Seus pedidos e sua campanha deram certo e a data foi oficializada, em 1914, pelo Congresso Norte-Americano. A lei, que declarou o Dia das Mães como festa nacional, foi aprovada pelo presidente Woodrow Wilson. Após esta iniciativa, muitos outros países seguiram o exemplo e incluíram a data no calendário.

Após estes eventos, a data espalhou-se pelo mundo todo, porém ganhando um caráter comercial. A essência da data estava sendo esquecida e o foco passou a ser a compra de presentes, ditado pelas lojas como objetivos meramente comerciais. Este fato desagradou Anna Jarvis, que estava muito desapontada em ver que o caráter de solidariedade e amor da data estavam se perdendo. Ela tentou modificar tudo isso. Em 1923, liderou uma campanha contra a comercialização desta data. Embora com muita repercussão, a campanha pouco conseguiu mudar.

É clarividente que cada um puxa o peixe para o seu prato. Grécia com a Réia. Romanos com a Cibele. Cristianismo e a Virgem Maria. Anna Jarvis e a mamãe comunitária. Realmente é o dia das mães.

O fato do ser humano ter medo e não conhecer sua origem, numa alucinação coletiva, criou “contos de fadas” a partir de sua percepção. As homenagens mitológicas sempre foram, em sua maioria, de sacrifícios. Se a comemoração era repleta de sacrifícios, quem hoje se sacrificaria pela mamãe querida? Muitos têm tanto medo dessa mãe inventada que, previamente, mandam o presente via Correios, pois: “Mandou. Chegou!”; ou até mesmo um cartão impalpável, inempírico, via e-mail.

Assim, amado leitor, com a robótica em ascensão, o que “me assusta” é que não tardará o dia em que comemoraremos o dia das mães, independente da Réia, Cibele, Maria, ou a da mãe da Anna Jarvis; pois o que importará é a viral mamãe virtual, que possui uma bolsa lacrimal, altamente sensível e ajustada que, além de lágrimas oculares, farão brilhar aqueles olhos mecânicos repletos de sentimentos programados.

Bem vindo à pós-modernidade!!


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