quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O Fim Erra Tudo

Há anos ouço, e leio afirmações de que a “morte” é o fim de tudo. Que todos estão destinados a “morrer”.

Numa visão religiosa, a “morte” é o fim de uma vida terrena, para o início de uma vida, digamos, celestial; uma vida de glórias.

As pessoas que sempre me querem “matar” e as que querem me salvar, já ouviram minha idosa dedução existencial: “Eu não nasci, logo não morrerei!”

Declaradamente, muitos não entendem a que me refiro. Não ouso fazer julgamentos sobre isso, mas compreendo a incompreensão e o desconforto, pois é como se O Nada existisse.

Para poder entender, o Ser precisa ter uma noção básica sobre o Desenvolvimento. A noção é: o desenvolvimento é permeado por interesses e influências. Saber disso é deixar a pobreza psíquica e viver a felicidade em cada movimento.

Ao mencionar “desenvolvimento”, pressupõe-se o movimento; e deste a existência. O ser não nasceu, mas emergiu no instante do universo. A origem deste, não é discutível, visto que não se debate por que um filme se inicia no zero segundo. Houve um interesse, e não de quem ou do quê; simplesmente houve um interesse.

Simultaneamente, do movimento se foi criando emergências que se desenharam as existências. Tudo o que se emergiu adveio de interesses, e estes influenciados. Assim, somos o Universo.

Neste instante, sinto em você, meu amado leitor, uma incompreensão. Todavia, com gozo dar-lhe-ei um memorando atual.

Num movimento sexual entre dois seres existenciais que tinham interesses em uma simbiose carnal fazia tempos, que foram influenciados, digamos pela mídia e por amigos que os pressionavam, emergiu uma existência, que é Você!

Durante a existência suja (que é a vida) deles, houveram interesses e influências para que você pudesse emergir, no instante apropriado. Você é influenciado a emergir desde o movimento do universo, todavia só emergiu de fato, em seu momento.

Talvez você pense em determinismo. Sim, é. Porém aqui, é um determinismo flexível, pois se a pessoa (homem ou mulher) que lhe carregava, na possibilidade, tivesse escorregado e rolado por uma escada, com poucos degraus, mas ainda uma escada, digamos que você não estaria vivo, mas ainda existiria.

Não estaria vivo, pois estar vivo é apenas transitar. Mas ainda existiria, porque Existir é atemporal. Haveria um túmulo para você e/ou ainda um papel com seus registros de obituário; cartas de um familiar que ansiava pelos preparativos do “nascimento”, mas acima de tudo, você existiria na memória de muitos que aguardavam lhe segurar.

Quando as pessoas se aposentam vitalmente, elas não morrem, mas continuam a existir em cada um de nós. Existem num rabisco de escola, num ato de auxílio dedicado a alguém, num sonho, num beijo realizado... enfim, suas marcas de influência, seu contato são passos que mantém a sua existência.

Você aprendeu e sentiu muitas coisas, mas talvez não se importou com elas. Você aprendeu a caminhar, a andar de bicicleta, a escrever, a ler, a amarrar o tênis, a beijar... Você entendeu que as folhas balançam porque o vento as tocam... Você percebeu que um vento frio lhe tocou e gelou a pele... Você sentiu que a dor faz de seus olhos lágrimas surgirem... e nesse movimento existencial de interesses e influências constantes, você também ensinou/influenciou muitas pessoas! Você ensinou um filho inventado a caminhar, a andar de bicicleta, a escrever, a ler, a amarrar o tênis, a dançar... Você o auxiliou a entender que as folhas balançam porque o vento as tocam... Você o ajudou a perceber que se um vento frio lhe toca a pele, ele a gela... Você o promoveu a sentir que a dor faz com que de seus olhos lágrimas surjam, mas que um abraço pode confortar... Eu, Você... Nós, juntos, para sempre, é possível!

Por isso, entenda os versos do poeta inglês John Donne:


Morte,
Não seja orgulhosa,
Ainda que poderosa e terrível te possam chamar,
Pois tal não será.

Os que pensa ter deixado para trás,
Esses não morreram,
Pobre morte,
Nem a mim pode levar.

É escrava do destino,
Do acaso,
De reis e da insensatez.

Entre veneno,
Guerra e doença te vejo proliferar.

Se há papoula ou encantos,
Bom sono nos pode proporcionar
E até melhor do que o teu golpe,
Então por que toda essa altivez?

Após um breve sono,
Acordamos eternamente.
E a morte deixará de existir.
Morte,
Você também morrerá.



Você sempre existirá, não apenas como matéria, mas maravilhosa e criativamente em tudo que tocar, como se representasse o papel de uma peça histórica de um museu, que continuará ensinando a muitos. Por isso, exista e aprenda dia-a-dia a criar o seu Amor Inventado e ensine os outros a AMAR.

Porém, hoje infelizmente, muitos se preocupam com um fim, equivocando-se ao procurar um início, perdendo o trâmite das Existências.


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