segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Centros Educacionais do Amor

Martin Heidegger, filósofo alemão no século XX, considerando o seu método fenomenológico afirmou que nem todas as construções são moradas. Parafraseando-o sustento o axioma de que nem todas as instituições escolares são lugares de educação, muitas são de adoração.

Participando, junto com minha Amiga Profissional e Pessoal, de uma aula numa instituição escolar, com o objetivo de buscar recrutas para refletir e praticar a existência surgiu de alguns alunos a questão de quem foi a “pessoa” que criou a escola. O educador, pouco disse, mas tentou argumentar. Rapidamente muitas situações observamos e escutamos, o que posteriormente pudemos experienciar mutuamente no decorrer dos meses com nossos recrutas-agentes.

Primeiramente não foi uma pessoa que criou a escola, mas a união de agentes. Ao contrário de muitos afirmarem que foram com os colonizadores europeus, a introdução escolar não se iniciou nesse período.

A idéia surgiu da filosofia dos gregos antigos. Eles se reuniam em praças públicas para praticar a arte do conhecimento e trocar idéias. É claro que não são todos que podiam participar. Naquele período já havia as leis políticas sendo que as mulheres e os estrangeiros, entre outros eram excluídos.

Se pensarmos que a instituição escolar é um local onde há a troca de idéias, não podemos pensar numa prática em hierarquia: às vezes presidente, e sempre diretor, coordenador, professor e aluno. Todos ensinam, e todos, se quiserem, na possibilidade da oportunidade podem aprender. Nesse local, quando é visada a educação e não a adoração, é um magnífico campo de sublimidade. São diferentes pessoas, histórias distintas que por isso geram conflitos e que na medida do possível poderiam em gradação ser também utilizados como experiência de ensino social e do principal: amor-respeito.

Infelizmente há muito tempo a Educação é banalizada. E o pior, os triviais se encontram lá. É claro que existe quem se manifesta contra isso, quem pratica uma educação verdadeiramente prostituta[1] e democrática, todavia são poucos e confesso que temos que ser sutis. Somos apedrejados e condenados, e a fofoca (que expressa o que até então não existia) passa a ser uma pedra atirada aos amorosos educacionais. Porém, por que não recolher estas pedras e construir um monumento?!

Para quem observa, sente, reflete e pratica, podem confirmar que tais instituições são, atualmente, Casas com celas penitenciárias. Os participantes que estão em silêncio, bem como os que gritam, brigam, choram e receiam são diagnosticados, entre outros, com hiperatividade, depressão e esquizofrenia. Porém eles estão clamando por piedade, por compaixão ao seu existir, ao existir humanitário e do conhecimento. Vocês não sentem, não ouvem, não veem?


Encontramos muitas coisas nesta longa e às vezes estranha jornada que chamamos de vida, mas sobretudo encontramos a nós mesmos. Quem realmente somos e o que é mais importante par nós. Aprendemos o que é verdadeiramente o amor e o que são os relacionamentos. Encontramos a coragem para abrir caminho através da raiva, das lagrimas e do medo (Kessler; Kübler-Ross. Os Segredos da Vida, 2004, p. 56).


Perguntaram a Michelangelo, o grande artista da Renascença, como ele criava magníficas esculturas como a Pietà ou David. Ele explicou que simplesmente imaginava que a estátua já existia dentro do bloco de mármore bruto e era suficiente desbastar o excesso para revelar o que sempre esteve presente (Ibidem, p. 14).


Pensando num lugar de reflexão e prática, encontro muitos. Não são dentro da maioria desses muros escolares que são adoradores do desrespeito, da insensibilidade, da irreflexão e do desamor que serão ensinadas às pessoas a sentirem, refletirem e praticarem o que adquirem do processo ensino-aprendizagem. Há muitos lugares que poderiam ser complementares: num museu, num teatro, entre outros, até mesmo numa praça pública; enfim, na Sociedade. São nestes lugares que poderíamos, e estamos tentando, ensinar, bem como propagar tais ensinamentos pintando as paredes residenciais, ou vice-versa, observando a mutualidade. Não seriam Escolas, contudo, notando que todo lugar é ambiente de educação deveríamos nos referir a eles como Centros Educacionais de Amor (ou abreviadamente, Cenedam).

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[1] Prostituta «lat[im] prostitŭo,is,ī,ūtum,ĕre 'colocar diante, expor, apresentar à vista; pôr à venda; mercadejar com a sua eloqüência; prostituir, divulgar, publicar', de pro- 'na frente, diante de' + statuĕre 'pôr, colocar, estabelecer; expor aos olhos', de stātus,us 'repouso, imobilidade; atitude, postura (de um combatente); assento, situação; estado das coisas, modo de ser', do rad[ical] de stātum, sup[i]n[o] de stāre 'estar'». Nisto, no Life Prostitute, compreende-se como colocar o conhecimento – racional e emocional – à frente, expondo-o, praticando-o, vital e existencialmente, enfim, num modo de ser (estilo) de atitude.


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